quinta-feira, 28 de maio de 2015

Greve dos servidores públicos de SBC: Recuar? Nem pra dar impulso!

Chegamos ao 16º dia de uma greve histórica em São Bernardo do Campo, cidade conhecida como o berço do sindicalismo no Brasil; que viu nascer o Partido dos Trabalhadores - partido que durante anos foi referência das esquerdas no Brasil -; que abrigou Lula - uma das maiores lideranças sindicalistas do país, que veio a se eleger e reeleger presidente do país e sua sucessora por dois mandatos consecutivos - todos eles pelo PT -; que teve entre os ministros do trabalho de Lula também o ex-sindicalista Luis Marinho, que por sua vez se elegeu e reelegeu prefeito de São Bernardo do Campo... 

Por ironia, farsa e tragédia, é nesta cidade, sob o governo do PT de Luis Marinho, que os trabalhadores públicos em greve estão sofrendo uma pressão assediosa para que deixem de fazer greve: boatos plantados por agentes de cargos de confiança do governo; bloqueio do acesso ao hollerih, que deveria estar disponível desde o dia 20; ameaças de corte de ponto e de atribuição de faltas; informações distorcidas... Tudo isso faz parte de um plano cruel e antitrabalhador para desestabilizar o movimento e impor uma derrota por meio do medo.

É preciso que a direção do sindicato determine que a assessoria jurídica  adote medidas preventivas imediatamente, tanto no sentido de apurar e fazer cessar as inúmeras ameaças e assédios que são cotidianamente relatadas por servidores públicos, quanto no sentido de garantir que não haja desconto algum, porque a greve é um direito legal, e qualquer forma de ameaça e punição configura descumprimento desse direito. 

Apurar e efetivar as ações jurídicas e políticas para fazer cessar os assédios, perseguições e ameaças é fundamental para dar maior segurança e transmitir maior confiança aos trabalhadores que, apesar de tudo, seguem unidos e assim continuarão seguindo nesta luta.

O governo quer impor uma derrota aos servidores. O medo, a implantação de boatos, a restrição ao acesso à folha de pagamento e a proliferação de informações distorcidas estão entre suas estratégias mais cruéis. 

Se a ameaça de corte de ponto se concretizar, o PT de São Bernardo do Campo e seu prefeito entrarão para  história como aqueles que colocaram o último punhado de areia sobre a história do Partido dos Trabalhadores como partido do campo das esquerdas, que luta pelos direitos dos trabalhadores e pelo fortalecimento das organizações populares e sindicais. Não temos dúvida que reverteremos eventuais descontos na justiça, já o Partido dos Trabalhadores de SBC jamais conseguirá se reerguer politicamente.

Ao manter sua postura intransigente, o prefeito reeleito pelo PT, que é apadrinhado político de Lula, alinha-se a todo espectro político que um dia disse que combatia: alinha-se à política do PSDB dos governadores tucanos Beto Richa do Paraná, e Geraldo Alckmin de São Paulo - que representam na política nacional o que há de mais retrógrado, ultrapassado e maléfico para a população e para a classe trabalhadora.

Colocar seu nome e do já maculado Partido dos Trabalhadores na mesma lista dos refugos da história e dos traidores da classe trabalhadora é de uma atitude absurdamente grotesca. Para quem foi sindicalista por anos, a insistência em fazer guerra contra os trabalhadores demonstra apenas que o prefeito não aprendeu nada com suas experiências, a não ser assimilar a prática e o discurso do patronato - demonstra, com isso, que há tempos saiu do lado do oprimido e passou para  lado do opressor.

Atender as reivindicações dos servidores públicos seria uma vitória não apenas para os trabalhadores, mas politicamente seria uma vitória do próprio governo que aproximaria as bases que há anos afastou. 

No entanto, a julgar pelas estratégias usadas desde quando assumiu o governo, o prefeito continua apostando na divisão dos trabalhadores. Por isso, os servidores públicos precisam afirmar ainda mais a unidade e manter ao nível máximo a sua capacidade de reflexão crítica. 

Se os boatos que circulam se concretizarem enquanto constraproposta do governo, o PT de São Bernardo estará simplesmente propondo aos servidores públicos que, depois de 16 dias de greve, abram mão de absolutamente todos os itens de nossa pauta de reivindicações, inclusive da reposição da inflação e do aumento real!!! Isto seria uma derrota política, mas sobretudo econômica contra os trabalhadores, pois sem reposição da inflação e sem aumento real nossos salários perderão ainda mais drasticamente o poder aquisitivo, e acumularemos perdas do ano passado, deste ano e de parte do próximo ano

Precisamos ficar alertas, pois aumento real e reposição incidem sobre décimo terceiro, licença prêmio, ferias e senhoridade, potencializando nossos ganhos salariais. Abonos não! 

Além disso, não podemos esquecer os demais itens da pauta da campanha salarial. Os servidores públicos não podem continuar pagando para trabalhar, e continuar trabalhando em condições precárias, sem estrutura e equipamentos adequados - situações estas que estão levando os servidores a abandonarem o serviço público de SBC, e - os que permanecem - adoecerem cada vez mais sem ter a possibilidade de um atendimento médico decente, pois o nosso IMASF está falindo e os servidores associados à Greenline coninuam igualmente abandonados às traças.

Cair no canto da sereia governamental é uma demonstração de que o funcionalismo público não aprendeu nada com essa greve, nem com a experiência que os servidores da educação tiveram na luta pelo estatuto da educação.

Não podemos ceder às chantagens! Foco nas pautas da campanha salarial! Não estamos exigindo nada além do básico para garantir condições de vida e de trabalho e que possibilitem melhorias na qualidade do serviço público.

Em 2013, quando o governo dizia que não tinha orçamento para investir nos salários dos servidores - e deu 0% de aumento, ou seja, não deu aumento!!! -, algumas semanas depois aumentou os salários de prefeito, vice-prefeito, secretariado e vereadores em 64,8%!!! 

Por isso, não podemos adotar o falso discurso do governo, que diz por aí que não tem dinheiro para pagar o funcionalismo. Dinheiro tem de sobra! Um orçamento de 5 bilhões e os gastos com folha de pagamento estão bem longe de se aproximar do limite permitido por lei (estamos em torno de 36%, e os gastos podem chegar a aproximadamente 51%)!!!

Se precisar cortar gastos, que o governo diminua do salário e auxílios e verbas de gabinetes etc e tal do prefeito, vice-prefeito, secretariado e cargos comissionados. Aliás, que diminua a quantidade de cargos comissionados! Assim, vai sobrar dinheiro até para oferecer uma merenda completa às crianças, jovens e adultos matriculados nas escolas públicas deste município.

VAMOS À ASSEMBLEIA HOJE, 28/05, ÀS 18H PARA DIZER AO GOVERNO MARINHO QUE OS SERVIDORES PÚBLICOS DE SÃO BERNARDO CONTINUAM FIRMES, FORTES E UNIDOS NA LUTA.

NÃO ACEITAREMOS DISCUTIR NENHUMA PROPOSTA SEM A GARANTIA DO PAGAMENTO DOS DIAS PARADOS! 

NÃO ACEITAREMOS NENHUMA PROPOSTA QUE DIVIDA A CATEGORIA!

NÃO ENTRAMOS NESSA GREVE COM UMA PAUTA DE REIVINDICAÇÕES PARA SAIR DELA SEM NENHUM PONTO SER ATENDIDO!

NENHUM TRABALHADOR FORA! NENHUM DIREITO A MENOS!!! 

JUNTOS SOMOS MAIS FORTES!!!






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